quarta-feira, 22 de maio de 2013

O Paladino das Árvores - Uma história de Super Herói por Adriano Siqueira



O Paladino das Árvores
Por Adriano Siqueira

          Oi Fernando! Mas... que surpresa!
          Olá Ana! Eu sei que eu deveria ter avisado antes, mas fiquei preocupado por não ir a faculdade que resolvi comprar uma pizza para você.
Fernando estava muito feliz. A Ana era a sua paixão, tinha muito carinho por ela, era atencioso e sempre estava pronto para ajudá-la. Ele sabia que cedo ou tarde iria se declarar, queria muito namorar com ela. Era morena de cabelos escuros, tinha 23 anos, olhos verdes, alta e tinha um sorriso encantador.  
Ana dá um pequeno sorriso e pega a pizza. A porta do seu apartamento abre mais o namorado dela aparece perguntando quem era.
Ela olha para o namorado, sorri e explica:
          Olha que anjo. O Fernando, meu amigo da faculdade, trouxe uma pizza pra gente!
          Que ótimo! Estava mesmo com fome.
Ele pega a pizza e leva para dentro. Fernando ainda estava em choque, não sabia o que dizer. Ana olha pra ele e diz:
          Quer entrar? Estamos assistindo um filme.
          Obrigado Ana. Eu só estava passando mesmo e estou muito atrasado, alias o pessoal já deve estar preocupado.
Fernando beija o rosto da Ana e sai correndo, nem espera o elevador, vai pelas escadas da saída de emergência. Ana levantou as sobrancelhas impressionada com a sua pressa e entrou.
Ele andava pela Alameda Santos. Achava mais silencioso do que andar na Avenida Paulista, Estava perto da ponte do parque Cerqueira Campos. que pegava os dois quarteirões. Havia muitos galhos secos no chão e era um local não muito iluminado.
Aquela noite não estava sendo uma das melhores. Ela nunca havia falado que tinha um namorado.
Ficou caminhando lentamente até que viu uma mulher do outro lado da rua. Era loira, usava roupas escuras e segurava uma bolsa.
Era muito linda. Certamente ela não deveria andar sozinha, mulheres assim chamam muito a atenção. Seria agradável levá-la para uma festa e esquecer um pouco os problemas que estava passando.
De repente uma moto em alta velocidade passa pela rua e toma a bolsa da mulher.
          Sai da frente!
O motoqueiro corria pela Alameda Santos segurando uma bolsa com a mão esquerda. A mulher começou a gritar. Como havia muitos carros na esquina o motoqueiro decidiu voltar contra a mão e acelerou como pode. Esta era uma chance que Fernando não teria novamente. Pegou alguns galhos e jogou no motoqueiro. Alguns ganhos que estavam mais verdes acabaram enroscando no pneu da moto fazendo-o cair.
A mulher pega a bolsa e o homem caído, mas ele estava com muita raiva. Ele pega a arma e atira mas o seu alvo não era a mulher, mas, sim, Fernando que é atingindo o ombro.
O motoqueiro pega a moto e tenta fugir. Fernando, fica caído vendo ele fugir, mas quando passa por uma árvore, uma mão agarra a blusa do homem e o levanta da moto caindo em seguida. Fernando se arrasta até chegar perto de uma árvore para esperar uma ambulância. A mulher olha para ele enquanto pede ajuda pelo celular. Ele estava perdendo os sentidos quando um braço sai de dentro da árvore e o puxa para dentro.
Algumas horas depois, uma mulher loira estava rodeada de repórteres na sala de espera do hospital. Disse que seu nome era Renata e que ele a salvou. Porém, a história que ela iria contar poucos acreditariam.
          Eu vi um índio saindo da árvore e carregando o rapaz para dentro. Disse que o levaria para o Hospital das Clinicas , peguei um táxi e cheguei agora.
O enfermeiro disse que o rapaz foi colocado na porta do hospital dizendo que ele foi atingido por uma bala. Depois, correu até uma árvore e sumiu.

Fernando acorda e vê alguns policiais e um médico esperando no quarto.
          Pode me dizer o que realmente aconteceu? Está cheio de repórteres por aqui.
          Tentei parar um assaltante e fui atingido! É só isso que eu lembro.
          Lembra de ter entrado em uma árvore? Lembra do índio? Lembra como chegou aqui?
          Lembro de uma mulher loira, e algumas luzes verdes... É só!
A notícia sobre o índio aparece em todos os jornais diários e na TV. Muitas testemunhas começaram a aparecer. Cada um contava um caso em que já viu o índio que aparecia nas árvores. Uma mulher disse que um homem a arrastou para dentro de um parque em Taubaté levou para uma árvore e fez com que ela ficasse de joelhos, um braço saiu da árvore agarrando o pescoço dele até deixá-lo sem sentidos. A mulher correu e nunca contou para ninguém até ouvir a noticia sobre o índio da árvore.
A lenda tomou uma proporção enorme. Havia comunidades da internet de que tínhamos um super herói e que São Paulo estava protegida. A autoridades já diziam que aqui não era lugar de justiceiros e que ele deveria se apresentar para a polícia ou seria preso.
Baseado nas testemunhas, o índio tinha no braço, algumas penas amarradas com um cipó. Muitos começaram a usar este símbolo no braço. Começaram os encontros para falar sobre as histórias deste índio e sobre seus feitos. Todas as árvores de São Paulo tinham flores colocadas em sua volta e muitas cartas de pedidos de ajuda.
Renata estava em frente a árvore onde viu o índio. Chegou bem perto e disse:
          Obrigada por nos salvar naquela noite.
Quando ela virou as costas para ir embora escutou um barulho. Se virou e viu um homem moreno, sem camisa, usando apenas um jeans e sem sapatos. Seu cabelo era escuro e cumprido com um pano branco amarrado em sua cabeça e tinha nos braços algumas penas de aves estavam amarrados com um cipó.
Ela sorriu e comentou.
          Índios usam Jeans?
          Bom... - Disse ele olhando para a calça. Eu gosto!
Pegou na mão da Renata e falou:
          Acho que tem muitas perguntas.
Ela respirou fundo olhando para o seu peito e respondeu:
          E eu seria a mulher mais feliz do mundo se todas as suas respostas fossem “sim”!
          Bom... Quando eu sou o paladino noturno uso o nome Krainê. Eu sou o último descendente da tribo krainá que existia muito antes de tudo isso que você conhece como São Paulo.
          Eu me chamo Renata, mas me diga, você mora dentro da árvore?
          Não! Eu moro em uma casa comum como todo mundo. Trabalho e estudo, falo cinco línguas.
          Tem e-mail?
          Claro que tenho. Mas prefiro não relacionar isso com o que faço à noite.
          Um herói?
          Talvez... um paladino.
Ela olha para a árvore e a toca.
          Imagino que queira saber como eu entro ai.
          Sim! Isso realmente é curioso. Não existe uma porta. Como faz?
          Por quê não vem comigo?
Renata fica ansiosa. Ele segura a sua mão e diz:
          Apenas respire fundo, feche os olhos e deixe o seu corpo cair na direção da arvore. Não se preocupe. Eu estou segurando a sua mão.
Ela faz o que ele pede e ao cair ela abre os olhos e fica em pânico. O chão havia sumido. Não tinha onde segurar estava sem equilíbrio. O índio pega o seu rosto e a encara.
 Olhe pra mim. Relaxe você não vai cair. Esta flutuando. Os gases aqui dentro tem este efeito. Por isso não tem chão. É como se estivesse nadando.
Ela agarra Krainê com força.
          Veja as raízes das árvores são interligadas. Aqui você pode segui-las até encontrar as que estão subindo. Cada jogo de raiz que sobre é de uma arvore.
          Está muito calor aqui!
          São os gases. Temos oxigênio apenas neste nível. Se descermos mais o ar fica quente demais e se torna impossível respirar. O nosso corpo flutua bem e dá para usar algumas raízes como se fosse um trampolim para ir mais rápido.
          Mas então não é algo espiritual. O meu corpo realmente está aqui.
          É o caminho das árvores é real, mas só é aberto para quem tem o segredo deste portal. Eu herdei isso da minha família. As luzes verdes que você vê provem dos gases, por isso tudo aqui é iluminado mas não recomendo viagens de dia, pois fica muito quente e inviável para qualquer humano.
Ele se olham por algum momento e ele sorri. Ficam abraçados rodopiando vagarosamente e começam a subir em direção de uma árvore. Ela ouve algumas vozes e pergunta de onde vem.
-          Das raízes! - Ele responde. Não é melhor do que um celular, mas dá escutar o que está acontecendo quando falam perto de uma árvore. 
-          Você me escutou?
          Sim! Eu escuto tudo aqui! Estamos terminando a nossa aventura.
Ela coloca as mãos no rosto dele, fecha os olhos e lhe dá um longo e demorado beijo.
Quando ela abre os olhos os seus pés tocam na terra e ela reconhece o local.
          Aqui é o Parque da Luz. Nossa! Eu adorei!
          Agora tenho que ir.
          Quando... Onde... ?
          É só me chamar. Eu escuto bem.
As notícias não paravam. Renata estava em todos os jornais. Todo mundo queria saber mais sobre a sua aventura na noite passada.
Fernando assistia todos os programas em que ela aparecia. Comprava todos os jornais. Lia tudo sobre o acontecido. Até que ele bateu na mesa e praguejou:
          Maldito índio! Pegou o telefone e ligou para a polícia.
Krainê estava atento escutando as vozes tentando filtrar quais eram suspeitas, quais havia perigo. Ouviu uma voz direcionada a ele... Agora todos sabiam do seu nome. Renata contou para o publico mas, a voz que ele ouviu falava sobre a Renata. Que ela estava correndo perigo. Ele corre na direção de uma árvore que era perto da praça Oswaldo Cruz. Quando apareceu viu o Fernando. Ele estava com muitos policiais armados.
          Não se mova! A polícia dizia.
Krainê era rápido e saltou para entrar na árvore mas quando encostou apertaram um botão e a árvore ficou eletrificada fazendo com que ele recebesse um choque e fosse atirado ao chão sem sentidos.
A polícia carregou até o carro e o levaram. Fernando sorria orgulhoso. Com ele fora do caminho certamente ele conquistaria Renata. Afinal foi ele que a salvou. Recebeu um tiro por ela. Era mais que merecido.
Renata estava em casa assistindo a TV quando viu no noticiário que a policia capturou o índio e que ele seria preso até revelar tudo que sabe. Era suspeito de roubo. Ela sabia que a polícia iria inventar uma mentira para a população para que eles pudessem ficar com Krainê preso até descobrirem todo o seu segredo. Um segredo perigoso pois se caíssem em mãos erradas os assaltantes e assassinos poderiam viajar para qualquer parte da cidade. Talvez a policia usaria tortura até ele falar. Ela tinha que fazer alguma coisa.
A campainha tocou e ela foi ver que era... Fernando.
          Fernando você precisa me ajudar a policia pegou o índio!
          Calma Renata! Está tudo bem. Eles só querem protegê-lo. Eu trouxe umas flores. Podemos ir jantar juntos hoje.
          Olha Fernando eu não posso preciso ver como ele está.
          Trancado e isolado! Você acha que vai poder vê-lo? Neste momento acho que só mesmo o presidente pode visitá-lo!
          Mas eles estão falando que ele é um ladrão.
          É claro! Tem ideia de quanto as pessoas estão idolatrando o índio? Tem ideia do quanto ele pode modificar nossa vida? E os transportes? Os carros não serão mais usados. Todo mundo vai viajar pelas árvores. Não haverá transporte público. Nem fábricas de carros nem empregos e a economia do país vai se transformar em um caos absoluto.
           
         Do que você está falando?
           
          O poder que ele tem é nocivo Renata! Nocivo para o transporte. Para o país!
Ela olha para a TV e vê o Fernando dando uma entrevista... e ela ouve:
 Foi fácil capturá-lo! Eu faria tudo para ajudar a pegar este ladrão!

 Seu cretino! - Renata empurrou Fernando e ele  a agarrou pelo braço.

          Ele roubou você de mim também! Fui eu que a salvei naquela noite!
          Ele ajuda todo mundo! Você não tinha este direito! Ele salvou você!
Renata sai correndo. Deixando o Fernando sozinho pensando nas suas palavras.
Ela vai até a árvore onde o encontrou.
          Krainê! Me escuta!
Ela sabia que ele estava preso mas tinha que tentar. Tinha que fazer alguma coisa.
Quando ela toca na árvore um braço aparece e a puxa para dentro. Era Krainê. Estava com uma corrente na perna.
          Eles estão fazendo testes comigo. Logo vão me arrastar. Tenho um plano.
Quando os policiais começam a puxar o índio Renata aparece e pula em um dos homens e enquanto eles ficam surpresos Krainê aparece em uma outra árvore que estava atrás deles e usa a corrente para puxá-los para dentro da árvore.
Renata se aproxima da árvore e enquanto isso vários policiais estavam indo para o local. Ela gritava por seu nome.
          Fique parado ai mesmo moça!
Ela se vira e os policiais apontam as armas. Até que ela é puxada para dentro da arvore.
          Por quê demorou tanto?
          Eu não sabia qual deles estavam com a chave e tive que revistar todos.
          Onde eles estão?
          Eu coloquei cada um em um parque diferente da cidade.
          O que vai fazer agora?
          Vou ter que desaparecer por algum tempo.
          Para onde vamos?
          Quer ir comigo?
          Claro! Acha que eu iria deixar você ir embora sozinho?
          Bem! Eu sempre quis conhecer alguns índios da Amazônia. Acho que eles gostariam de conhecer alguns truques!
Eles se beijam e voam para uma árvore distante.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Adriano Siqueira na Caravana de Escritores em Paracatu - MG


Acontece nos dias 17 e 18 de maio o Papo Aberto: Literatura, que contará com a presença de Georgette Silen e Adriano Siqueira e outros


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Livro Adorável Noite completa 2 anos


Neste mês o livro Adorável Noite faz 2 anos de vida e eu agradeço muito todos os amigos, leitores e principalmente a Editora Estronho que publicou este meu primeiro livro solo. Agora em e-book o Adorável Noite pode ser adquirido neste link - http://editora.estronho.com.br/index.php/adoravel-noite