sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Fator Montese - Parte 2 - Vampiros


Fator Montese 
Parte 2


Lord Dri espera como combinado, a chegada do carro enviado pela Deise Day. O carro aparece e a chofer abre a porta para ele entrar.

— Lord Danny Ray I. Meu nome é Alicia Zoom. Eu vou leva-lo para o encontro com a Deise Day.
— É sempre bom conhecer alguém que dirige carros. Eu não sou bom nisso.
— Não sabe dirigir Lord?
— Não. Eu costumo olhar a cidade do alto.
— Então você é um vampiro mesmo? Como o Neculai?
— Não! Neculai é um Megalomaníaco.
— Dentro do porta-luvas tem muitos panfletos sobre o Neculai. Ele não é tão nocivo assim. Ele me ajudou. Eu e as minhas irmãs somos uma equipe de carros. Costumamos. Ajudá-lo.
— Alicia. Neculai pode parecer um bom partido, mas o que ele quer é fama e poder. Esse cara pode acabar sendo um ditador. Tenho visto suas propagandas. Acredita mesmo que ele pode ser algum salvador?
— Neculai tem métodos diferentes, mas ele tem ajudado muita gente. Fique sabendo que uma montadora estava com muito prejuízo e ele cedeu um programa pelo celular que todos poderiam colocá-lo perto do motor e a atualização era automática. Sabe... empresas gastam milhões com Recall todo o ano. Ele resolveu o problema em pouco tempo. Para todos isso foi compensador. Ele é um gênio.
— Fico imaginando o quanto ele pediu em troca.
— Eu acho justo. Eles deveriam dar toda a assistência. Dia desses eu vi uma matéria em que Neculai diz que pode resolver o problema da poluição do Tiete usando apenas alguns celulares.
— Ele precisa ser detido. Sei bem o que ditadores podem fazer. Cegar a população com suas “descobertas” é motivo para ele ser banido deste país.... Espere...
Antes que o Lord Dri termine a frase um carro aparece no meio da rua em alta velocidade e segue em direção a eles. Alicia Zoom consegue desviar em segundos evitando um acidente fatal. Eles descem do carro mas ele desaparece.
— Que foi isso? Um carro apareceu do nada. Quase batemos.
— E desapareceu misteriosamente. Entre no carro Lord. Esse carro pode voltar.
— Veja. Tem outro carro parando. Acho que ele viu tudo.
Um carro para bem do lado deles e um homem abre a porta e grita:
— Entre no meu carro agora Lord. Aquele carro pode aparecer e desaparecer em segundos.
— Eu não sei quem é você, mas a moça não pode ficar sozinha.
— Ela sabe se virar. É você que eles querem.

Antes de terminar o carro misterioso aparece novamente em alta velocidade e vai em direção dos dois homens. Rapidamente Alicia Acelera o carro e o coloca bem na frente para protegê-los. O carro desaparece.

—  Quando isso vai acabar?
— Não vamos conseguir sair daqui.
— Esperem! Eu vou dar um jeito nisso.

O homem pega uma arma tecnológica e espera atencioso. O carro surge novamente. Ele atira. O estrondo faz o carro voar até cair destruído. Lord Dri olha e conclui:

— Impressionante. Tem mais uma arma dessas para viagem?
— Vamos. Essa arma era de pulso eletromagnético. O efeito vai durar apenas alguns minutos. Alicia. Seu carro não vai funcionar. Mas o meu é antigo e por isso vou tirar o Lord Dri daqui.
— Espere! Eu não sei quem você é.
— Me chame de Luney.
— V-você é o exorcista de carros assombrados? Você é uma lenda. Hoje eu só estou conhecendo celebridades.
— Espere até o efeito da arma passar. Quando o seu celular e seu carro voltar a ligar, saia daqui o mais rápido que puder.

Lord Dri entra no carro do Luney. Eles andam por algum tempo e depois freiam inesperadamente. Lord Dri comenta irritado:

— Avisa né! Eu não estou a fim de bater a cabeça nessa lata velha.
— Preciso ver uma coisa. Acho que foi aqui que o carro apareceu... Isso mesmo. Achei. Agora vamos.
— O que achou?
— Um celular meu amigo. Esse carro não era fantasma. Ele surgiu do celular. Logo saberemos quem inventou essa tecnologia.
— Carros aparecendo do nada. Com celular. Espera aí? Lucrétia tinha falado sobre exércitos aparecendo pelo celular. Seja lá quem for este cara tem o Ritual Montese.
— Do que está falando Lord?
— É confidencial.
— Sempre é. Esse não é o primeiro carro que aparece. Alguns bancos estão sendo assaltados e em segundos os carros somem da região. Eu suspeitava que teria algo para puxá-los para outro lugar. Procurei alguma pista, mas não achei nada. Só hoje que pude ver que um celular era o responsável por isso. E isso é uma pena.
— Pena? Por que?   
— Eu recebo muito quando exorcizo um carro. Esse não é o caso de um carro fantasma.
— Você só pensa em dinheiro?
— Olha Lord. Eu tenho contas para pagar. Meu aluguel está atrasado. Minha conta no banco está para ser cancelada. Trabalho como qualquer um. E já estou velho para arrumar um trabalho decente. Estamos em uma crise. Fica mais difícil ainda arrumar algo. Sabe... Talvez este Neculai possa mesmo ajudar. O povo está acreditando nele.
— Ele é um louco. Tem muitos que suspeitam dele. Neculai pode ser um perigo muito maior. Vi uma entrevista dele que diz que a guerra deixaria este país mais adulto. Você acredita? O lunático diz que a guerra pode resolver algo.
— Bom, a guerra une os cidadãos.
— Para morrerem juntos? Para com isso Luney.
— Deixe-me dizer Lord. Deter aquele vampiro do celular não vai resolver muito por aqui. Precisamos sim deter o cara que inventou essa tecnologia de transportar carros pelo celular. Se o Neculai está relacionado com isso, acho uma boa ideia fazer uma visita, só que antes eu preciso resolver algo e você vai comigo pois, pelo visto. Você é um alvo certo.
— Belo convite. Pelo jeito essa noite não vai terminar cedo.
— Olhe este jornal. Veja esta notícia aqui.
— “A nova religião promete arrancar seus pecados.” “As pessoas entram naquele carro e vultos arrancam seus pecados” Como é que é?
— Olhe o carro ao fundo Lord.
— Não conheço bem sobre carros Luney, mas sei que é antigo.
— É um antigo Chevrolet Veraneio da década de 70. Está meio destruído, mas ele deve andar. Eu quero este carro.
— Espera aí! Você vai roubar este carro?
— Ele é assombrado.
— E daí? O carro é do cara.
— Eu conheço a história deste carro. Três mulheres alugaram ele na década de setenta. Usaram para roubar uma igreja. Levaram uma boa quantia de dinheiro só que elas. Foram perseguidas. O carro bateu e elas morreram. A questão é que o dinheiro nunca foi encontrado. Elas precisam ver o dinheiro para a alma delas descansarem Lord.
— Eu só encontro gente doida. Luney. Como elas se livrariam do dinheiro?
— Eu anotei todo o caminho que elas fizeram naquele dia. Revirei todos os locais possíveis Pararam em um posto de gasolina no caminho para encher o tanque.
— Isso não deveria ser feito antes? Acho que elas já tinham a intensão de assaltar a igreja.
— Pois é. Por que então parariam em um posto de gasolina? Fui verificar. A sacola cheia de dinheiro estava lá. Sabe aonde?
— No banheiro feminino?
— Você sabe ser engraçado mesmo. Não Lord. O dinheiro estava dentro do teto do posto. Elas subiram no carro e com uma escada puderam fazer um buraco para colocar o dinheiro lá. 
— Como você achou o dinheiro? Certamente muita coisa mudou. Eles teriam feito uma reforma no posto. Bem certamente achariam o dinheiro.
— O dono sabia. Ele conhecia as mulheres. Ele confessou tudo para mim. Não gastou o dinheiro com medo delas se vingarem. Quando ele viu a matéria ele reconheceu o carro e me chamou. Ele me deu a mala de dinheiro para resolver o problema e vai me pagar muito caso eu consiga resolver este caso.
— É assim que você sobrevive? Nunca pensou que pode ser perigoso?
— Lord. Vivemos em um mundo onde tudo é perigoso. Não devemos deixar de arriscar por causa disso ou ninguém sairia de casa.
— É um homem de coragem Luney.
— Eu só adoro uma aventura. Estamos chegando. Fique no carro. Não quero que o pessoal veja que estou com um vampiro. Além disso eu vim aqui para descarregar meus pecados.
— Como é? Você vai entrar naquele carro sozinho?
— Vou e você me segue com o meu carro.

Luney pega um saco preto e coloca a sacola dentro dele e escuta a resposta do Lord Dri:

— Bem Luney. Eu não sei dirigir.
— Me siga voando então. Você é um vampiro.
— Farei isso. Tome cuidado. Leve a mala ou elas podem te destruir.

Luney vai até o homem que estava gritando para as pessoas que esperavam ansiosas por se livrarem dos seus pecados. Dentro do carro um homem estava sentado no banco da frente. Seus abraços descansavam no volante. Estava de cabeça baixa. O homem gritava. “Vejam como é simples.” “Os anjos estão arrancando os pecados das costas daquele homem.”  O homem dentro do carro estava suando muito. Luney pensava que certamente estas almas se alimentavam de Prana, a energia vital de todo o ser vivo. Ou poderia ser que elas estejam tentando arrancar a alma daquele pobre homem. Seja lá o que for. Luney precisava impedi-las.

— Eu quero ser o próximo.
— São oito mil reais meu amigo.
— Tudo isso? Aceita cartão de crédito parcelado em 30 vezes?
— São seus pecados meu amigo. Isso não tem preço. Se não tem dinheiro saia da fila.
— Isso aqui é a chave do carro?
— Hei! Me dê esta chave! Volte aqui! Aonde vai?
— Vou dar um passeio. Tenho um fetiche. Nunca saí com três mulheres fantasmas. Volto logo!

Luney entra no carro, tira o homem de dentro e começa a acelerar.

— Agora sim vamos conversar suas almas penadas.
— Você! Nós sabemos quem é você! Vamos arrancar a sua alma.

Luney tenta desviar, mas elas são rápidas e ele sente como se suas costas fossem arrancadas. Elas riam e comentavam.

— Vamos arrancar a sua alma do seu corpo. Vamos ter um grande jantar.
— Então vocês não tiram os pecados. Apenas se alimentam das pessoas que entram aqui.
— Sim. O gosto é maravilhoso. É como se tivéssemos vivas.
— Eu sei quem vocês são. Morreram neste carro. Roubaram uma igreja. Pegaram o dinheiro.
— Você não tem como saber. Nós vamos destruí-lo.

Lord Dri voa na forma de um morcego e entra pela janela tentando tirar a atenção as mulheres fantasmas.

— Um morcego!
— É um vampiro. Deve ser um aliado do motorista.

Luney pega a sacola, abre e mostra todo o dinheiro.

— Olha aqui mulheres. Esse é todo o dinheiro que vocês roubaram naquela noite. Se vocês não ficarem quietas eu jogo todo o dinheiro pela janela.
— Não faça isso!

As mulheres começaram a brigar entre si.

— Eu me lembro daquela noite. Era você que estava dirigindo. Foi você que matou a gente.
— Foi você que deu a ideia de roubar a igreja.
— Me dá esse dinheiro. Agora mesmo.

Luney começa a explicar.

— Vocês não podem gastar este dinheiro. Estão mortas. Esse dinheiro nem serve mais.
— Como pode dizer isso? É lógico que posso gastar. O dinheiro é nosso.
— Ele tem razão. Morremos no acidente.
— O que está dizendo? E-eu... O que está acontecendo?
— Estamos... acho que, estamos indo descansar.
— Por favor. Não quero ir. Não q...

Luney assiste o desespero daquelas mulheres. E as vê sumirem para sempre. Ele desce do carro e olha para o morcego que se transforma do Lord Dri que comenta:

— Tem razão Luney. Este é mesmo um trabalho difícil.
— Pois é Lord. E pelo jeito o chevrolet não funciona mais. Estamos a pé.

Logo à frente o carro da Alicia Zoom aparece e ela avisa:

— Eu sabia que estariam aqui. Neculai descobriu o celular do Luney e pelo GPS foi fácil localizá-los. É melhor você ir com a gente Luney. Neculai quer ver de perto o celular que achou.
— Tudo bem para mim. Vou gostar de conhecer este vampiro.

Lord Dri complementa.

— Parece que está noite será repleta de celebridades.  




Por Adriano Siqueira

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