terça-feira, 24 de novembro de 2015

Paixão pelo Medo - Conto de Vampiro



Paixão pelo Medo

Mauricio estava em seu quarto estudando para a prova de literatura que seria no dia seguinte logo pela manhã. Ele tinha que tirar uma boa nota pois as provas anteriores estavam muito abaixo da média. 
Ele sabia que não teria uma nova chance. Precisava recuperar as notas perdidas. Seria uma longa noite de estudos.
Ele mora no oitavo andar de um prédio na Vila Mascote, um bairro na zona sul de São Paulo. 
Mauricio tem 17 anos de idade. Mora com suas duas mães. Elas são muito bem casadas e ele se sente um garoto de sorte pois elas são muito atenciosas com ele, mas também são exigentes. Querem que o Mauricio estude muito e seja alguém na vida. Hoje, elas estão no Rio de Janeiro na casa dos avós de Mauricio. A mãe Selma é jornalista e nasceu em São Paulo, ela conheceu Regina (a outra mãe) em um show de rock no Rio de Janeiro. Ela é vocalista de uma grande banda.      
O celular do Mauricio tocou e ele atendeu. Era a sua namorada Vivian. Ela gostava muito do Mauricio, mas ele ainda estava indeciso sobre este romance. Quando eles saiam Mauricio parecia estar em outro mundo e deixava a sua namorada falar e falar e ele apenas concordava ou comentava pouco sobre o assunto. Vivian era uma garota atraente, mas Mauricio não se sentia bem. Estava muito preso em seu mundo. Ficava imaginando histórias e mundos diferentes. Queria um mundo mais cheio de aventuras. Uma garota que valeria a pena se apaixonar. Mauricio gostava de viver paixões loucas. O cotidiano para ele era algo terrível e sem sentido. 
— Alô Vivian. Como você está.
— Eu não me sinto bem. Você não me liga. Não manda mensagem. Não conversa comigo. Isso não é um namoro. 
— Eu sei. Desculpe. Estou estudando para a prova de literatura amanhã. Estava concentrado. 
— Você vive concentrando. Não se diverte comigo. 
— A gente foi no cinema no sábado. 
— Sim mas você não falou nada e só me beijou quando me viu e depois só me beijou quando foi embora. Eu não me sinto bem assim. Se você não gosta de mim é só falar. 
— Eu gosto de você Vivian.
— Então diga que me ama. Diga que vai se dedicar para mim. Diga que vai me dar valor. Que me vê como sua namorada.
— E-eu bem. Sim. Eu amo você.
— Isso foi forçado. 
— Desculpe. É que estou com a prova de literatura na minha mente. 
— Mauricio. Faz o seguinte. Fique com seus livros sobre literatura. Eu não vou ficar aqui conversando com alguém que não se importa.
— Mas eu me importo Vivian. É que preciso tirar boas notas.
— Você é o pior namorado que alguém já teve.
— Alô? Vivian? Desligou. 
Mauricio fecha o livro de literatura e olha para a janela e comenta. 
— Acho que a Vivian não vai querer continuar este namoro. Acho que ninguém vai querer namorar comigo. Eu só penso em ter uma vida cheia de emoção. A noite está perfeita para uma boa aventura. Não está chovendo e a lua está cheia. 
Ele olhou para os livros que estavam em cima da sua cama. 
— Mas eu preciso estudar. Que droga. Que vida inútil. Vou fazer um suco. 
Quando Mauricio abriu a porta do quarto. A sua janela explodiu. Ele se jogou no chão e protegeu a sua cabeça com os braços. O impacto foi tão forte que pedaços da janela passaram pelo corredor do apartamento e chegaram até a sala. Era uma distância de seis metros até a sala. Ele ficou abaixado. Pensou que o terrorismo tinha chegado no Brasil. Pensou que era uma bomba e continuou naquela posição deitado no chão e com os braços protegendo a cabeça. O silêncio foi invadido por gemidos. Mauricio escutou gemidos no seu quarto. Alguém estava ferido. Ele se levantou com cuidado e foi até o quarto. A janela estava toda destruída. Agora era um buraco na parede do seu quarto. Logo que ele olha para o chão ele vê uma garota toda cheia de sangue e com uma estaca de madeira enfiada em seu peito. Ela estava tremendo e gemendo. Suas mãos tentavam arrancar a estaca, mas ela não tinha forças suficiente para isso. Mauricio se ajoelha perto dela e ela fica olhando para ele e para a estaca. Estava pedindo ajuda. Ele segura a estaca e começa a puxar para fora. A garota começa a gritar. Ele sabe que deve estar doendo muito pois ele sente que a estaca estava raspando as costelas. Ele usa mais e mais força até que consegue arrancar a estaca toda cheia de sangue. e joga para fora da janela. Mauricio fica olhando a garota e ele pergunta.
— Você está bem? Quer um pouco d´água? 
Eram perguntas estúpidas. Mas ele estava nervoso. Não sabia o que perguntar. A janela era no oitavo andar. Ele se perguntava como ela chegou ali. Foi jogada por um avião ou helicóptero? Caiu do céu? E a estaca? Será que a pessoa que fez isso virá atrás dela? 
Enquanto a sua cabeça formava uma pergunta atrás da outra, o interfone tocou. A garota segurou em sua mão e a ela fazia gestos para que ele não atendesse. 
— Calma. Talvez apenas queiram saber se está tudo bem aqui. Muitos vizinhos devem ter ouvido a janela explodir. Eu já volto. Prometo. 
Mas ela insistia para ele ficar. E apontou para a janela. 
— Quer que eu olhe a janela? 
Mauricio se levantou e olhou para fora. Haviam dois carros pretos na rua. Quatro homens apontando para a janela. Alguns falavam por celular. 
— Foram eles que enfiaram a estaca em você.
Ela afirma com a cabeça. O interfone continua tocando. 
— Não saia daí. Eu vou ver o que posso fazer. 
— Alô!
— Tem um homem aqui querendo falar com o senhor. Disse que é urgente. 
— Diga que não vou atender. Peça para ir embora. 
— Só um mom... Bang Bang.
Mauricio escuta os dois tiros e desliga o interfone e corre para o quarto. A garota estava em pé, cambaleando e se segurando nas paredes. 
— Você não está bem. Precisa se deitar. 
Mauricio vê que o buraco do seu peito causado pela estava havia se fechado completamente. 
— Você se recupera rápido.
A garota pega os lençóis da sua cama e vai até a porta. Ela os enrola fazendo parecer uma corda. aporta para a porta. 
— Quer que eu abra? Não! Eles estão vindo para cá. Vão te matar. 
Ela sorri e continua apontado para abrir. Mauricio abre a porta e tenta acompanha-la mas ele é empurrado para dentro do seu apartamento e ela fecha a porta.
— Não pode ir sozinha! Você está ferida!
Mauricio fica desesperado. Ele sabe que ela está fraca e eram muitos homens. Sabia também que depois que eles liquidassem aquela garota ele seria o próximo. Ele vai até a janela e vê que só tem os carros pretos lá. Os homens devem ter entrado no prédio. Antes de tomar alguma atitude o celular toca.
— Alô!
— Oi filho é a Selma. Está estudando muito? 
— Oi mãe. Sim! Claro! Eu... Nossa. 
— O que foi filho? 
— Nada mãe. É uma noite agitada por aqui é só. 
— A Regina comprou um presente para você mas só vai dar se for bem na prova. 
— Agradece a mãe Regina e diga que estou com saudades. 
Crash!
— O que foi isso filho? 
Mauricio olha pela janela e vê um homem do lado de fora segurando o lençol amarrado no seu pescoço. Ele tentava se livrar com as mãos e suas pernas batiam na janela logo abaixo do apartamento dele. 
— Nada mãe. é a TV que está ligada. 
— Olha la heim Mauricio não estude com a TV Ligada. 
Crash! 
Mais dois homens são jogado para fora do prédio e caem até o chão. 
— Abaixa o volume da TV filho. E vai estudar.
— Está bem mãe. Manda um beijo para os avós. 
— Espera. A Regina vai falar com você. 
— Ah. Tudo bem!
— Oi filho.
Crash! 
— Filho? 
— Ah. Oi mãe. Não esquenta com o barulho aqui. É a TV. 
— Está alta mesmo. Cuidado para não ser multado por barulho viu. Os vizinhos não gostam de som alto. 
— Pode Deixar. Guarda o meu presente! Amo vocês.
— Beijo filho. Te amo. 
Crash! 
Os homens eram jogados em vários apartamentos diferentes. Mauricio olha para ver se falta mais algum homem. Mas os gritos começam a aparecer por todo o prédio. Quando o Mauricio chega perto da janela novamente leva um susto quando a garota entra no seu quarto. 
— Você me assustou. Está tudo bem? 
Ela balança a cabeça afirmando que sim.Logo em seguida ela o abraça. 
— Precisa descansar. Deite-se um pouco. 
Ela se recusa. Os barulhos de sirenes invadem todo o bairro. Houve muitas mortes em pouco tempo. Mauricio queria que ela ficasse, mas ele também sabia que ela seria presa que a policia a encontrasse. A garota o abraça e ela dá um beijo na sua boca e depois vai até a janela. Antes dela partir Mauricio pergunta. 
— M-meu nome é Mauricio. Qual o seu? Nos veremos novamente?
Ela olha para ele e responde bem baixinho. 
— Meu nome é Ariane. Nos veremos sim. Boa prova amanhã. 
Mauricio assiste a vampira flutuar e ir na direção da lua. 

Ele sabia que, depois dessa noite, a sua vida iria mudar para sempre.




Por Adriano Siqueira




2 comentários:

Júlio Finegan disse...

Um super obra. Gostei muito. Parabéns!

Unknown disse...

Gostei muito